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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Relógio

A ausência de assunto do meu blogue tem algum tempo. Sendo assim hoje vou partilhar convosco a ideia que tenho sobre o relógio.

Quem me conhece sabe que tenho uma certa aversão a este objecto.

Mas o que me levou a pensar falar sobre este assunto tem muito a ver com uma experiência recente, que está a ser vivida de forma colectiva, mas apesar de ser colectiva, à media que o tempo passa e que cada um partilha a sua memória constata-se que esta é individual (única).


Relógio : Objecto que nos remete para o compasso do tempo num determinado espaço.

A nossa vida não é mais que a soma de todos os tic-tacs diluídos no espaço.

O quadro Persistência da Memória, de Salvador Dali, remete-me para esta ideia de tempo, que apesar de ter um compasso totalmente objectivo, preciso, numa dimensão científica, ao mesmo tempo, emprega a ambivalência de ser totalmente subjectivo, na medida em que Dali representa os diferentes relógios deformados, estas formas orgânicas incitam para uma subjectividade associada à percepção da realidade. O tempo é vivido no momento exacto da sua passagem, mas apenas é experienciado nas nossas memórias, e é esta percepção das vivências que é sempre subjectiva, porque a forma como vivo uma determinada experiência passada hoje é diferente da forma como experienciarei amanhã e foi certamente diferente da forma como a percebi (se é que percebi) no instante em que o relógio como instrumento cientifico marcou essa vivência.

A meu ver, no quadro Persistência da Memória a organicidade de cada relógio representa isso mesmo, a subjectividade das nossas memórias que utilizam um instrumento preciso para marcar algo que só é objectivo no momento em que o relógio marca a hora.


Qual o sentido do relógio? De que me serve marcar o tempo com o intuito de sermos objectivos e precisos, se tudo o que precede ou advêm da informação dada pelo relógio é subjectiva?

Para quem não conhece o quadro aqui fica a imagem:


Persistência da Memória , foi pintado a óleo, aplicado sobre tela com 24,1x33 cm. Encontra-se exposto no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

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