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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Copo de Água - II

O que transporto não é mais de que um líquido estanque, ansiosamente à espera de continuar a sua viagem.
A água que contenho irá saciar qualquer que seja a necessidade do receptor da mensagem que transporto comigo.
A função que faz de mim ser, não é objectiva na medida que estou dependente de quem me escolhe, da forma como essa pessoa me apreende, contudo a minha mensagem é unívoca.
Entendo desta forma que não sou, quando sou função, sou quando sou experienciado.
Considero-me um copo simples na forma e sou eficaz na execução da minha função.
Tenho um amigo que em nada é semelhante a mim, mais requintado na forma, mas a sua função nada difere da minha. Mas será mesmo? Ele não tem a certeza e eu por vezes também não o consigo ajudar, também tenho as minhas dúvidas.
A minha simplicidade permite-me ser operacional, de fácil percepção, a minha definição é facilmente apreendida, gosto muito da expressão “Sou aquilo que Sou e os outros vêem-me assim”, tal como uma criança, ou mesmo um animal, nada esconde, tudo é fácil e simples, a comunicação flui facilmente. Sei quem sou e os outros sabem-no também.
O meu amigo e colega de trabalho, por vezes tem questões sobre a sua existência. Não é simples na forma e nem sempre compreende se está a comunicar de forma eficaz, é lhe pedido que desempenhe a mesma função,por isso somos colegas; isto aparentemente porque exigem-lhe um acrescento de outros objectivos. A sua função de transporte não é a única função e não temos a certeza se é isso que lhe é pedido, porque lhe pedem para transportar o mesmo líquido e tantas outras coisas, sentimentos, desejos, prazeres, que ao certo não sei se me conseguimos ver a essência do ser, por vezes nem nós temos a certeza do que somos. A ambiguidade faz-nos questionar de que forma somos experienciados? de que forma me apreende?
Quanto maior é o distanciamento do arquétipo, maiores são as dúvidas experiências, existências. A comunicação não flui, torna-mo-nos mais complexos.
O ser humano não é assim tão diferente.
Quando somo crianças sabemos o que queremos e é fácil comunicarmos com o que nos rodeiam.
Á medida que vamos crescendo, começamos a perder a capacidade de comunicar, porque nos tornamos mais complicados. Quanto mais complicados nos tornamos maior é a incerteza do que o que pensamos que somos ser, maior é a distância do que é apreendido de nós, da forma como os outros no vêem. E qual de nós realmente somos?
Penso logo existo, da forma como me olho.
O homem não existe sem comunicar, o que faz questionar a existência humana.
É a comunicação que nos faz existir?
Eu sou como me vêem ou sou como penso que sou?
São as minhas escolhas que me definem?

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