Manoel de Oliveira, em "A grande Entrevista", de 04-06-09, fala do nada, relacionando esse nada à experiência da morte.
Fê-lo de uma forma clarividente, fiquei maravilhada.
Quando ele diz, qualquer coisa do género: é o espírito que ilumina toda a meteria, quando se morre perde-se a personalidade perde-se o Eu de ontem, perde-se o amor e a inveja, o corpo entra na paz e na tranquilidade porque perde a alma.
O amor ninguém quer perder porque o consideramos um sentimento positivo, mas a inveja ou qualquer outro sentimento que nós consideramos negativo, esse não o queremos e iremos tentar a todo o custo livrarmos-nos dele como se de uma doença se tratasse. A questão é se ao perdermos esses sentimentos. Não perderemos nós a nossa alma?
De imediato recordei algo que li no livro de Eduardo Lourenço, O Labirinto da Saudade , a respeito do 25 de Abril e a forma como os portugueses lidam com as suas origens, quando ele fala da não identidade, do facto dos Portugueses negarem as suas raízes.
Talvez no tenhamos esforçado tanto por ser quem não somos que nos perdemos na mudança e o que perdemos?
Perdemos a alma? encontrámos a paz e a tranquilidade?Somos felizes?
Esforçamo-nos tanto por não ser tudo aquilo que não gostamos de ser e a verdade é que no caminho perdemos a nossa personalidade. Mas será que essa perda é libertadora? e se é libertadora, liberta-nos para quê?
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